Pequena introdução às próximas publicações:
📝 Hoje foi o último dia de quimio. E, ainda que isso significasse o fim de uma etapa e, por isso, um motivo de celebração, também significava que o pior estava para vir. Neste dia, o meu pai despediu-se de mim com um "Nana bem, mnhã mnhã" e claro que nos desfizemos em lágrimas. Ninguém fora da família iria entender isto na sua plenitude, mas é um dito de despedida que já tínhamos com os meus avós paternos. Nesta noite, para além das diarreias e temperatura mais elevada, tive coágulos de sangue nas gengivas que acho que não se formaram com uma lavagem mais bruta dos dentes. Parece-me mais ser o início dos problemas na boca de que já me falaram. O cateter e toda a zona envolvente, claro, estava a doer-me imenso. Estava a preparar-me para dormir e eis que apareceu um médico... sem que eu o tivesse chamado. Fez perguntas, tocou na zona do cateter, avaliou algumas coisas e disse "É para retirar". Sim, desta forma seca e calma. Claramente não estávamos em sintonia porque foi nesse momento que comecei a viver o maior pesadelo de sempre. Sim, foi assim tão dramático. Eu não conseguia sequer imaginar como ia levar a anestesia local. Estava desesperada, a chorar baba e ranho e aos berros quando todo o piso estaria a dormir ou a preparar-se para o fazer. Tinha duas enfermeiras comigo, a tentar acalmar-me e a explicar que com as defesas assim tão baixas não podia arriscar ficar com um foco de infecção no corpo. Confessaram no dia seguinte que só faltou terem-me dito que podia morrer. Fiz de tudo para evitar passar por aquilo: pedi anestesia geral e pedi que esperássemos pelo resultado das análises ao cateter para perceber se havia infecção ou não. Dei por mim a dizer em voz alta, pela primeira vez, "Eu não queria estar a passar por nada isto.". Mas não consegui convencer ninguém, não havia alternativa. Tinha de ser. Convenceram-me de que o Tramal ia acalmar as dores, que a anestesia não me ia doer como estava a pensar e que retirar era mais simples do que colocar. Deram-me um ansiolítico, mas demorou imenso tempo a fazer efeito. Liguei à Rita entretanto, assustadíssima e ela acabou por me dizer o mesmo que me disseram aqui, e com o passar do tempo acabei por acalmar e relaxar. Quando voltaram ao meu quarto com o material, perguntei logo quem me ia dar a mão e a Enfermeira Adriana (nome fictício) deu-me 🙂 De facto, a anestesia não doeu assim tanto e o processo foi relativamente simples, felizmente. Santo Tramal 🙏
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