Bom diaaaa 😊 Que bom é estar em casa. Não é a minha, mas é casa. Casa é onde temos
amor, família, alegria, carinho, pessoas ou animais que nos querem bem, muito
pêlo de cão (no meu caso) ou simplesmente o local que tanto batalhamos para ter
– o nosso espaço, o nosso abrigo, o nosso porto seguro.
Sim, é verdade, ontem foi o tão inesperado dia
da minha alta. Sair dali foi uma vitória, uma das muitas que terei e mais uma
entre tantas que tive. Há que celebrar cada pequeno passo.
Mal saí, fui com a minha irmã e cunhado à
minha casa buscar alguma roupa. E que nostalgia senti ao passar naquelas ruas, ao
ouvir o pisar dos meus pés no chão da minha casa e ver como tudo ficou
desde que saí de lá naquele fim de tarde de 7 de Outubro. A roupa que ainda decidi
apanhar do estendal antes de ir embora ainda estava onde a deixei. Foi uma
visita de médico, mas, desta vez, minha. Ainda tentei encontrar alguns vizinhos
para explicar o porquê da minha ausência. Vivo num sítio que, apesar de não ser
aldeia, é o que mais parece por, admiravelmente, os vizinhos se relacionarem e
promoverem alguma entreajuda. Queria muito dizer o que ficou por dizer naquele
fim de tarde a um deles com quem me cruzei e a quem avisei que ia estar ausente
e que as meninas iam para a casa de férias (a da minha irmã). Nesse momento,
ele despediu-se de mim com um “Boas Férias!” e eu estive a um suspiro mais de lhe
dizer que não era bem férias o que me esperava. Absolutamente crente de que no
máximo em dois dias teria a coisa resolvida e estaria de volta, decidi não lhe dizer
que estava a caminho do IPO para fazer uma transfusão de sangue que iria curar a
minha anemia. Nunca contei aqui como soube e todo o caminho que percorri, mas
um dia conto, com todos os pormenores que valem muito a pena se quisermos ver a
parte cómica da situação devido à minha ingenuidade, inocência, incapacidade de
ver o pior cenário, recusa em ver o pior cenário ou até mesmo desvalorização das situações inderrotável.
Não sei ainda do que se tratou e não sei se algum dia saberei. Mas é uma longa
história digna de série pontuada com no mínimo 8.5 no IMDB e classificada como
comédia e suspense, pois por várias vezes esbarrei com a verdade, mas resolvi
acreditar que era uma questão bem mais simples de ser tratada. Do ponto de
vista do espectador, isto deve traduzir-se em estar no sofá com pipocas num
misto de risos e juízos sob a forma de diálogos ou monólogos, preenchidos por questões
e afirmações como “Ela ainda não percebeu?”, “É óbvio que não é só uma transfusão!”
ou ainda “Abre os olhos miúda! Não vês que te mandaram para o IPO e te disseram
que tinhas mais qualquer coisa no sangue, ainda que tratável?”. Mas deixemos isto
para outras núpcias!
Seguiu-se o reencontro com os meus sobrinhos
mais novos. Estava no carro quando avistei o meu cunhado de mão dada com o
pequenino… E, sem sequer me lembrar de vestir o casaco ou dar tempo ao meu
cunhado de lhe dizer quem estava no carro à espera, saí a correr e peguei nele
ao colo. Fui tão rápida que ele nem percebeu quem estava a tentar raptá-lo. Por
isso e pela máscara que estava a usar. O inevitável aconteceu: tive de lhe
explicar que estava a chorar porque estava feliz e tinha muitas saudades dele, enquanto
baixava a máscara para lhe mostrar que era a Titi dele ❤️ Depois fomos
buscar a pequenita e ao longe ainda consegui ver a minha mãe (que estava
adoentada).
Ao aproximarmo-nos da casa deles, onde estou durante
esta semana, comecei a ficar nervosa. A minha chegada tinha sido cirurgicamente
planeada por causa dos cães. Para além de possivelmente terem força para quase me
derrubar, com o nível de plaquetas que tinha qualquer toquezinho podia
transformar-se num grande hematoma difícil de desvanecer. E, por estes motivos,
esperei na garagem que viessem com trela. O momento por que tanto ansiei aconteceu
por fim. Abracei-as, disse-lhes que não as abandonei e que a Mamã delas estava
ali. Os 3 canídeos não me largavam. Foi,
claro, muito emocionante ❤️ Ajudei a dar a comida aos pequeninos, não
sem antes ir com a minha sobrinha fazer o nosso tão importante ritual: irmos
ver-nos ao espelho para vermos o quão lindas nós somos, o quão lindas nós
estamos, com ou sem cabelo ❤️ Para este jantar de boas-vindas, pedi
bife com batatas fritas e molhos :D No fim, fomos arranjar o meu quarto e a
Mana estava a fazer a cama de uma forma demasiado perfeccionista para aqueles que
são os nossos critérios (zero exigentes). Disse-lhe que não era preciso tanto e
ela respondeu: “Deixa-me mimar-te e fazer alguma coisa por ti”. De seguida
disse-lhe: “Vê-se mesmo que não tens cancro.”. Ela paralisou por uns segundos e
percebi que foi demasiado forte. Estou há quase 40 dias a viver com isto, por
isso já trato a doença por tu e não tenho problemas em dizer o seu nome. Mas
claro que nem toda a gente consegue lidar da mesma forma.
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