O Dia da Mãe é um
dia em que o leque de emoções é sentido de um extremo ao outro, pelas mais
variadíssimas razões. Uma delas, e a que eu gostava de sensibilizar quem me lê
para, é que uma doença oncológica e seus subsequentes tratamentos podem retirar
às mulheres a possibilidade de concretizarem o desejo de serem mães pela
primeira vez, segunda vez, ..., de um filho biológico, concepcionado da forma
mais natural possível, sem recorrerem a óvulos/embriões de terceiros, aos seus
próprios anteriormente congelados ou à adopção. Isto porque, no meio de todas
as sequelas com que ficamos pela doença ou os tratamentos em si, uma delas é a
possibilidade de menopausa precoce, no caso das mulheres diagnosticadas em
idade jovem, que pode ser temporária ou permanente. Aquando do diagnóstico,
deveria partir do médico abordar o tema e falar da possibilidade de
criopreservação dos óvulos, uma vez que dificilmente nos ocorre pensar nesse
assunto (e em tantos outros) no meio da reviravolta que a nossa vida acaba de
sofrer quando recebemos a notícia. Devido à urgência no início dos
tratamentos em certos casos, nem sempre é possível esperar e avançar com a
criopreservação, restando menos opções para uma possível gravidez futura.
Há muitos outros contextos que merecem a minha e a atenção de todos, como
os casos em que o diagnóstico é recebido durante a gravidez, podendo a mesma
ter de ser interrompida ou não, sabendo que em qualquer uma das situações o peso
da doença torna-se maior ainda, imagino que a roçar o insuportável. Ocorre-me
também os casos em que determinadas fases da maternidade deixam de ser vividas
em pleno, pois a prioridade passa a ser o tratamento da doença da mãe,
obrigando a um inevitável afastamento, por vezes físico, mas também muitas
vezes emocional. Por certo faltarão muitos outros cenários com igual
importância, mas que desconheço ou não me estou a recordar.
A tristeza e o
luto que acompanham quem passou por mais esta mudança são sentidos não só neste
dia, mas em qualquer um do ano. No entanto, aproveito este dia para abordar um
tema que tem tanto de sensível quanto de importante e, infelizmente, ainda de
tabu.
A todas as mulheres
que no dia de hoje possam estar a sofrer por mais uma perda que o cancro lhes
trouxe, recebam um abraço apertado, na esperança de que ajude a acolher essa
dor e, quem sabe, a ultrapassá-la 🧡
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